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‘Moleque’: Haddad, Nikolas e Jordy trocam acusações em sessão acalorada na Câmara

Durante sessão conjunta das Comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira e Controle na Câmara dos Deputados, realizada nesta quarta-feira (09/06), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, protagonizou embates acalorados com os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carlos Jordy (PL-RJ).

Nikolas Ferreira iniciou sua fala com duras críticas ao governo, afirmando que a atual gestão “brinca de fazer política”. Segundo ele, o governo tem demonstrado irresponsabilidade fiscal, aumentando impostos com frequência sem apresentar medidas efetivas de corte de gastos.

“Ficam exigindo de mim maturidade em diversos momentos, mas estão aqui de fato brincando de fazer política, brincando com a vida das pessoas, afinal de contas não são vocês que falam muito sobre as pessoas mais necessitadas que mais serão impactadas com isso, só que não tá lá na ponta pra ver de fato o preço das coisas”, ressaltou o parlamentar.

Nikolas deu continuidade falando: “Não preciso provar com termos técnicos. As pessoas estão sendo destruídas por um governo irresponsável”, declarou.

O deputado também criticou uma declaração anterior do ministro, na qual Haddad afirmou que medidas como o aumento do IOF e as coisas referentes ao mercado financeiro, afetariam somente moradores de cobertura. Nikolas rebateu dizendo: “Como se as pessoas de classe média não conseguissem ter acesso à investimentos, e como se somente o custo geral das coisas não impactassem os preços“.

Ele acusou o governo de incompetência por manter o rombo fiscal, apesar da alta arrecadação, e lembrou que o governo anterior terminou com um superávit de R$ 54 bilhões, enquanto o atual apresentou um déficit de R$ 230 bilhões em 2023. “O que aconteceu? De quem é a culpa?”, questionou.

Na sequência, Carlos Jordy também direcionou críticas ao ministro, afirmando que, apesar de reconhecer a disposição de Haddad em comparecer à comissão, mesmo diante do governo que está fazendo tantas trapalhadas na economia é algo de se parabenizar. Afirmando que a economia está em situação alarmante, e revoltado com a fala de um deputado que disse que a inflação está controlada.

“Em que mundo você vive? você vai ao mercado? O preço do alimento está explodindo. O ministro falou inclusive que o Brasil voltou à crescer, realmente cresceu, na inflação, nos preços dos alimentos, nos juros, nas despesas desordenadas”, afirmou o Jordy.

O deputado criticou ainda o que chamou de “gastos desordenados” do governo, destacando que, apesar da arrecadação histórica — R$ 2,65 trilhões em 2024 — os gastos públicos seguem em alta: “O governo arrecada muito, mas gasta muito mais”. Jordy também mencionou a PEC da Transição, que teria autorizado o furo no teto de gastos em mais de R$ 200 bilhões, e criticou a proposta do novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, que, segundo ele, pode resultar na maior carga de impostos sobre o consumo do mundo.

Resposta de Haddad

Em resposta, o ministro Fernando Haddad acusou os parlamentares de “molecagem” e disse que suas falas demonstram falta de conhecimento sobre as contas públicas brasileiras.

“Em 2022, vocês se referiram a um superavit primário de 54 bilhões, a que custo? O Bolsonaro deu um calote nos governadores, tomou o ICMS dos combustíveis deles com a promessa de pagar, quem pagou foi o governo Lula em março de 2023— R$ 30 bilhões de reais, para indenizar os governadores da barbeiragem que Bolsonaro fez, que para baixar o preço da gasolina artificialmente, tomou esses 30 bi dos 27 governadores do país”, afirmou Haddad.

Haddad ainda rebateu as críticas sobre os precatórios, dizendo que o superávit de 2022 foi resultado de calotes e manobras fiscais. “Foram R$ 92 bilhões em precatórios não pagos. Onde estavam os deputados Jordy e Nikolas quando tivemos que honrar esse compromisso? Quando o presidente Lula em 2023 teve que pagar o calote de precatórios de Bolsonaro?”, questionou.

O ministro também fez referencias sobre outro motivo do superavit do governo Bolsonaro: “A barbeiragem da venda da Eletrobras em 2022, onde citou que o ex-presidente vendeu na Bacia das Almas, uma das empresas mais importantes do Brasil, e assim que teria comprometido a saúde financeira da empresa com a distribuição de dividendos que superou 200 bilhões de reais em um único ano”.

Haddad argumentou que esse tipo de postura e de molecagem de Nikolas e Jordy não vai adiantar, e disse que correram do debate, que poderiam ouvir no YouTube, pra ver se aprendem sobre contas públicas, mandando o recado direto aos deputados que não estavam mais no plenário.

Rebate final e encerramento tumultuado

Jordy ao voltar rebateu Haddad , e respondeu de forma incisiva:

“Moleque é o senhor, que assumiu um cargo dessa magnitude tendo feito apenas dois meses de economia”, afirmou Jordy.

O parlamentar ainda responsabilizou Haddad pelo que chamou de “maior déficit fiscal da história” e afirmou: “O governo Lula é pior do que uma pandemia”.

E acrescentou que para finalizar não era para o ministro cantar de galo na Câmara dos Deputados alegando que Haddad é ministro, mas ele é deputado e exigiu que Haddad respeitasse o parlamento.

A sessão terminou em clima tenso. O presidente da comissão, deputado petista, impediu Nikolas Ferreira de concluir sua fala, alegando que o parlamentar estava desrespeitando o tempo de fala e tentando impor sua voz “no berro”. O encerramento ocorreu em meio a bate-boca e protestos dos parlamentares da oposição.

Foto: Haddad, Nikolas e Jordy durante Comissão de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. Imagem: Redes Sociais.

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