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Setor madeireiro do Paraná é impactado por tarifas norte-americanas

O setor madeireiro paranaense, um dos mais relevantes do Brasil, enfrenta um momento delicado após o anúncio de novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos. A medida, que estabelece uma alíquota de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, e foi anunciada pelo presidente Donald Trump no último dia 9 de julho, já provoca efeitos imediatos na cadeia produtiva nacional.

De acordo com a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), o Paraná figura entre os principais exportadores de produtos de madeira para os EUA. O setor florestal e industrial gera cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos no estado. No entanto, com a nova taxação, empresas locais vêm enfrentando dificuldades comerciais significativas.

Uma das primeiras a reagir foi a indústria BrasPine, que atua com molduras de madeira, pellets de pinus e reflorestamento. A empresa anunciou que mais de 1,5 mil funcionários entrarão em férias coletivas, o equivalente a 60% de todo o quadro de colaboradores e 65% da força de trabalho nas fábricas. A medida foi ampliada nesta terça-feira (22/07), de acordo com um comunicado da empresa, com a inclusão de mais 800 trabalhadores — 50 da unidade de Jaguariaíva e 750 da planta fabril de Telêmaco Borba, ambas localizadas nos Campos Gerais do Paraná.

Ainda de acordo com o comunicado oficial, a BrasPine atribuiu a decisão à perda de competitividade frente a outros países exportadores, que continuam operando com tarifas entre 10% e 20%. A empresa destacou que a alta taxa imposta aos produtos brasileiros afetou diretamente a demanda nos Estados Unidos, principal destino de suas exportações de molduras. Já os pellets de madeira, embora também exportados, têm como principal mercado a Europa, além de uma expressiva presença no mercado nacional.

Para o CEO da companhia, Eduardo Loges, “a nova etapa de férias coletivas, traz impactos pessoais e organizacionais, mas é uma medida estratégica com o intuito de proteger empregos e garantir a continuidade da BrasPine no longo prazo”, declarou.

A situação também preocupa a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), que representa o setor em nível nacional. Segundo a entidade, cerca de 90% da produção de madeira processada está concentrada na região Sul do país, com aproximadamente 50% do volume destinado ao mercado norte-americano.

A Abimci alerta para o cancelamento de contratos, suspensão de embarques e acúmulo de contêineres já enviados ou parados nos portos, o que tem levado à redução da produção e paralisações em diversas indústrias.

“Nosso grande desafio neste momento é lutar pela manutenção dos empregos e garantir a continuidade das operações industriais”, afirma a Abimci, reconhecendo que as férias coletivas têm sido adotadas como alternativa para minimizar os impactos imediatos.

Além da BrasPine, outra empresa paranaense do setor também foi afetada. A Millpar, localizada em Guarapuava, anunciou a concessão de férias coletivas a 640 funcionários, como parte das ações para enfrentar o novo cenário.

O setor florestal, estratégico para a economia paranaense, segue atento às movimentações do mercado internacional, buscando alternativas para manter sua competitividade e preservar os postos de trabalho diante das incertezas.

Foto da matéria em destaque: Indústria BrasPine, no Paraná. Imagem: BrasPine/Divulgação.

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