Papa Francisco morre aos 88 anos
Morreu nesta segunda-feira (21/04), aos 88 anos, Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, primeiro pontífice latino-americano da história da Igreja Católica. A informação foi confirmada pelo Vaticano.
Como prevê a tradição, o corpo do papa será velado na Basílica de São Pedro, onde fiéis poderão prestar suas homenagens e realizar orações. A cerimônia de funeral será concluída com uma missa de corpo presente na Praça São Pedro.
Atendendo a pedidos deixados por ele ainda em vida, o ritual fúnebre de Francisco terá mudanças em relação aos anteriores. Ele solicitou uma cerimônia mais simples, sem a exposição do corpo fora do caixão — o que rompe com a tradição de apresentar o papa falecido sobre uma plataforma chamada catafalco. Além disso, Francisco desejava ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e não na Basílica de São Pedro, onde estão enterrados 91 pontífices.
A eleição de Jorge Mario Bergoglio como o 266º papa, em 13 de março de 2013, já foi um marco na história da Igreja. Nascido em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina, ele foi o primeiro papa sul-americano e também o primeiro membro da Companhia de Jesus — os jesuítas — a assumir o trono de Pedro.
Formado em Química pela Universidade de Buenos Aires, Bergoglio ingressou na Companhia de Jesus em 1958. Licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de São Miguel e concluiu o doutorado em Teologia em Freiburg, na Alemanha. Foi ordenado sacerdote em 1969. Após anos de trabalho pastoral, retornou à Faculdade de São Miguel como professor de Teologia, onde lecionou até 1986.
Nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992, tornou-se arcebispo da capital argentina em 1998. Em 2001, foi elevado ao cardinalato por João Paulo II.
Faz parte da tradição que um novo papa decida o nome pelo qual deverá ser chamado durante o período de seu pontificado. Quase sempre a escolha é feita para homenagear os primeiros apóstolos de Jesus ou algum outro pontífice da história pelo qual o novo indicado tem admiração.
Ao ser eleito papa, escolheu o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, símbolo da simplicidade, da humildade e da dedicação aos pobres. A escolha sinalizava o tipo de pontificado que ele pretendia conduzir: mais próximo do povo, mais atento às periferias — não apenas geográficas, mas também existenciais, como ele próprio dizia.
Em sua primeira aparição como papa, inclinou-se diante da multidão na Praça São Pedro e pediu orações, em silêncio. Dias depois, explicaria aos jornalistas: “Como eu gostaria de uma Igreja pobre para os pobres”. E contou que o conselho veio do amigo brasileiro Dom Cláudio Hummes, cardeal franciscano: “Não se esqueça dos pobres”.
Desde o início, Francisco adotou gestos e decisões que refletiam essa visão de Igreja. Recusou viver no Palácio Apostólico, optando por um quarto simples na Casa Santa Marta, hospedaria dentro do Vaticano. Promoveu reformas na Cúria Romana, estimulou o diálogo inter-religioso e reforçou o compromisso com questões sociais, ambientais e humanitárias.
Seu discurso nas congregações gerais — reuniões pré-conclave — foi determinante para sua escolha: ali, falou sobre a necessidade de renovar o “zelo apostólico” da Igreja, que deveria sair de si mesma para ir ao encontro das periferias.
Com sua morte, encerra-se um dos pontificados mais marcantes das últimas décadas, pautado por gestos simbólicos e por uma tentativa persistente de aproximar a Igreja Católica do mundo contemporâneo.
Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, na foto da matéria em destaque. Imagem: Divulgação/Vaticano.
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