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Lira diz que carta do Carrefour ao Brasil foi ‘muito fraca’

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), criticou a carta de retratação pública do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, após o ataque às carnes do Mercosul.

“A carta do Carrefour foi muito fraca dado o estrago de imagem que o CEO do Carrefour produziu”, afirmou Lira após participar da reunião semanal da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Leia abaixo a íntegra da carta enviada pelo francês nesta terça-feira (26):

Ao Excelentíssimo Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil,
Senhor Carlos Fávaro

A declaração de apoio do Carrefour França aos produtores agrícolas franceses causou discordâncias no Brasil. Como Diretor-Presidente do Grupo Carrefour e amigo de longa data do país, venho, respeitosamente, esclarecê-la.

O Carrefour é um grupo descentralizado e enraizado em cada país onde está presente, francês na França e brasileiro no Brasil.

Na França, o Carrefour é o primeiro parceiro da agricultura francesa: compramos quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades na França, e assim seguiremos fazendo. A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes. Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que atravessam uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais.

Do outro lado do Atlântico, no Brasil, compramos dos produtores brasileiros quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades, e seguiremos fazendo assim. São os mesmos valores de criar raízes e parceria que inspiram há 50 anos nossa relação com o setor agropecuário brasileiro, cujo profissionalismo, cuidado à terra e produtores conhecemos. O Grupo Carrefour Brasil é profundamente brasileiro, com mais de 130.000 colaboradores, se desenvolveu e continua se desenvolvendo sob minha presidência em parceria com produtores e fornecedores do Brasil, valorizando o trabalho do setor produtivo e sempre em benefício de nossos clientes. Nos últimos anos, o Grupo Carrefour Brasil acelerou seu desenvolvimento, dobrando tanto o volume de seus investimentos no país quanto suas compras da agricultura brasileira. Mais amplamente, o Brasil é o país em que o Carrefour mais investiu sob minha presidência, o que confirma nossa ambição e nosso comprometimento com o país. Assim seguiremos prestigiando a produção e os atores locais e fomentando a economia do Brasil.

Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito as normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas.

O Carrefour está empenhado em trabalhar, na França e no Brasil, em prol de uma agricultura próspera, seguindo nosso propósito pela transição alimentar para todos. Asseguro, Senhor Ministro, nosso compromisso de longo prazo ao lado da agricultura e dos produtores brasileiros.

Aproveito a oportunidade para renovar os protestos de estima e consideração.

Atenciosamente,

Alexandre Bompard
Diretor-Presidente do Grupo Carrefour.

Relembre o caso:

Na última quarta-feira (20), Alexandre Bompard, anunciou, em carta à Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França (FNSE), que o Carrefour deixará de comprar carne produzida no Mercosul ao afirmar que os produtos sul-americanos não atendem exigências e às normas francesas.

O caso gerou repercussão negativas no Brasil, onde representantes de 44 entidades da cadeia produtiva publicaram uma carta aberta em repúdio às declarações de Alexandre Bompard, sobre a suspensão da compra de carnes do Mercosul.

As associações consideram a decisão do CEO infundada e incoerente com os princípios do livre mercado, da sustentabilidade e da cooperação internacional e destacam que o Brasil é uma referência mundial na produção e exportação de proteínas animais, com aumento de produtividade em 172% e redução da área de pastagem em 16% nos últimos 30 anos.

As entidades ressaltam que a legislação ambiental brasileira é uma das mais rigorosas do mundo.

Em retaliação, os principais frigoríficos brasileiros, JBS e Masterboi, suspenderam o fornecimento de carne ao Carrefour Brasil.

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), também se posicionaram contra o francês.

Presidente da Câmara, Arthur Lira, na foto em destaque da matéria. Imagem: Marina Ramos/Câmara dos Deputados.

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