Economista diz que o Brasil tem espaço para ocupar o mercado mundial após retaliação do tarifaço dos EUA
O economista Adalmir Marquetti destaca que, caso o Brasil consiga negociar com novos parceiros comerciais após a sobretaxação imposta pelos Estados Unidos, poderá explorar oportunidades significativas no mercado global.
Ele observa que, como a sétima ou oitava maior economia do mundo, dependendo das medições, o Brasil possui um espaço considerável para ampliar sua presença internacional, especialmente à medida que outros países retaliam as políticas comerciais dos EUA.
Marquetti enfatiza a urgência da aprovação do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), ressaltando sua importância estratégica. Além de favorecer a balança comercial em termos de bens, o acordo também beneficiaria a balança de serviços, onde o Brasil apresenta um desequilíbrio significativo, importando muito mais do que exporta e consumindo cerca de 40% do superávit comercial.
“Certamente a sobretaxação de Trump abre espaço de negociação e de busca de novos parceiros comerciais, inclusive o acordo Mercosul-UE, esse é o momento de implementar. O Brasil tem um espaço para ocupar o mercado mundial, inclusive o espaço que os outros países, ao responderem aos Estados Unidos, deixarem de comprar. No caso da China, os chineses já estão comprando mais produtos agrícolas brasileiros. E aqui tem um ponto importante: como a gente pode aproveitar essa crise mundial, com origem nas tarifas dos Estados Unidos, para melhorar a nossa pauta de exportação? Para a gente exportar também mais produtos industriais e com maior valor adicionado na economia nacional”, declarou Marquetti em entrevista ao Jornal Repórter Brasil, da TV Brasil.
Para o professor e economista a recente viagem do presidente Lula (PT) para o Japão (entre os dias 24 e 27 de março) e Vietnã (de 27 a 29 de março) foi muito importante e crucial para estabelecer novas parcerias comerciais, destacando que esses países estão crescendo e se tornando importantes na economia mundial.
Durante a passagem de Lula em Tóquio, foram assinados dez acordos históricos que abrangem áreas como transição energética, educação e aviação. Um dos marcos foi a venda de 15 jatos Embraer para a All Nippon Airways, em um contrato de R$ 10 bilhões. Além disso, o Japão se comprometeu a facilitar a abertura de seu mercado para a carne bovina brasileira, com a promessa do primeiro-ministro Fumio Kishida de enviar especialistas para avaliação técnica. Outro ponto central foi o diálogo sobre um possível acordo comercial entre o Japão e o Mercosul.
A cooperação em energia limpa e sustentabilidade também teve destaque, com a possibilidade de investimentos japoneses na recuperação de terras degradadas no Brasil e na produção de biocombustíveis.
Em Hanói, capital do Vietnã, Lula consolidou as relações bilaterais ao assinar o Plano de Ação para a Parceria Estratégica 2025-2030, que abrange 15 áreas prioritárias de cooperação, incluindo segurança cibernética, inteligência artificial, transição energética e defesa. A abertura do mercado vietnamita para a carne brasileira e as negociações com a Embraer, que envolvem a venda de 50 jatos E190 para a Vietnam Airlines, evidenciam o potencial de expansão da presença brasileira na região da ASEAN.
Área de porto e contêineres em Itajaí-SC, na foto da matéria em destaque.
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