De Chitãozinho e Xororó a Plebe Rude: Programação especial marca a reabertura do Teatro Nacional Claudio Santoro
Cinco dias de festa marcam a reabertura do Teatro Nacional Claudio Santoro que ocorre com a reinauguração da Sala Martins Pena.
Batizada de Projeto Viva o Teatro, a programação será nos dias 18, 20, 21, 22 e 23 deste mês e conta com apresentações de artistas locais e nacionais e da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS).
Apenas os dois primeiros dias serão fechados; os demais serão abertos ao público, que poderá fazer a retirada dos ingressos no site Sympla em data a ser divulgada.
No dia 18 de dezembro, o Teatro Nacional irá dedicar um evento aos profissionais que participaram das obras de restauração do local. Eles terão a oportunidade de assistir a um concerto exclusivo da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, que apresentará a peça Sinfonia do Concreto, em homenagem ao trabalho de cada um dos envolvidos na reforma.
A reabertura oficial do teatro será no dia 20 de dezembro, com mais uma apresentação da OSTNCS, que não se apresentava em uma das salas do espaço desde dezembro de 2013. O evento contará com a participação da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, conhecida pelo sucesso Evidências. A apresentação, intitulada O Novo Ato, começará às 20h.
A programação estará aberta ao público entre sábado (21/12) e segunda-feira (23/12). No sábado, o evento Recomeço trará o cantor e violeiro Almir Sater, que se apresentará às 19h30, com um show especial de viola caipira e letras poéticas.
No domingo (22/12), será a vez das artes cênicas, com a apresentação do espetáculo TelaPlana, da Cia de Comédia Os Melhores do Mundo. O evento, intitulado De volta aos palcos, terá duas sessões, às 17h e às 19h30.
A programação se encerra na segunda-feira (23/12), com o show Hoje é dia de rock, da banda Plebe Rude e convidados, às 20h, em uma homenagem ao rock e à cidade de Brasília.
A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro está ansiosa para a reabertura da Sala Martins Pena, um marco para a cultura local. O espaço foi o primeiro a passar por reformas no Teatro Nacional, como parte do projeto de restauro promovido pelo Governo do Distrito Federal (GDF).
Para os músicos da orquestra, o retorno à sala é visto como um verdadeiro “reencontro” com o público. A última vez que a OSTNCS se apresentou em uma das salas do teatro foi em dezembro de 2013 (na ocasião, foi executada a Sinfonia nº 9 de Beethoven).
A medida foi tomada devido ao não cumprimento de normas de segurança, prevenção a incêndios e acessibilidade, o que deixou o espaço fechado até então.
Com as obras concluídas, a orquestra se prepara para retomar suas apresentações em um ambiente renovado e seguro.
“Foi uma tristeza ter que sair da sala. A gente entende, claro, os motivos de segurança e toda a readaptação que a sala precisa passar, mas foi muito triste ter que sair sem perspectiva de volta. Isso foi bem dolorido”, lembra Lilian Raiol, que é a spalla da orquestra, considerada o braço direito do maestro.
Há 19 anos na orquestra, a musicista lembra que foi ao entrar no Teatro Nacional que decidiu se dedicar para integrar o grupo: “Escolhi fazer música e tocar em orquestra quando fiz o festival da Escola de Música no curso de verão. Entrei na Sala Villa-Lobos e falei: ‘é aqui que eu quero trabalhar e passar o resto da minha vida’. Fazer parte da orquestra é a realização de um sonho, e voltar para o teatro também é outro sonho que está se realizando”.
Retorno
O sentimento é parecido para a violoncelista Larissa Mattos. Ela tomou posse como musicista da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional em julho de 2018 e, desde então, nunca teve a oportunidade de tocar com o grupo no equipamento público, o que sempre foi seu objetivo.
“A gente faz um concurso com uma certa expectativa, e a minha era de realmente ter um teatro [para tocar], mas quando cheguei, infelizmente, ainda não tinha reaberto”, relata.
A falta de experiência no teatro se tornou uma frustração para a carreira de Larissa, por isso o retorno ao espaço de origem da orquestra vem com uma dose de ansiedade: “Não vejo a hora, porque fiz o concurso querendo sempre tocar no Teatro Nacional. Foi para isso que eu fiz. Essa orquestra leva o nome do Teatro Nacional, então realmente estou bem ansiosa de poder voltar”.
O retorno ao Teatro Nacional Claudio Santoro ocorre em um momento especial para a orquestra. Em 2024, o grupo completou 45 anos de existência. Foi em 6 de março de 1979 que a OSTNCS fez seu concerto inaugural sob as batutas do maestro Claudio Santoro, considerado um dos maiores compositores eruditos nacional e internacionalmente.
“Isso para nós é um presente, como se fosse realmente uma alegria, uma coisa que vem no momento certo. A gente fica muito feliz e agradece ao Governo do Distrito Federal pelo empenho no sentido de realmente trazer de volta o Teatro Nacional para a população do DF”, afirma o maestro Cláudio Cohen, regente atual.
Desenvolvimento musical
Retornar ao local de origem é mais do que acessar uma memória afetiva da Orquestra Sinfônica, o retorno garante que os músicos voltem a ter um espaço que atenda as necessidades sonoras e acústicas e com áreas específicas para a orquestra.
“Já faz dez anos que nós saímos do teatro. Para nós é uma perda enorme, porque toda a nossa condição de trabalho e todos nosso ambiente preparado para o trabalho era lá. Para o nosso desenvolvimento musical, foi um grande prejuízo”, pontua o músico Francisco Orru, que está há 15 anos na OSTNCS.
O argumento ganha reforço do maestro Cláudio Cohen: “É como um time de futebol que precisa do melhor campo para fazer suas jogadas. Embora as salas tenham nos recebido com muito carinho, não são espaços adequados para o desenvolvimento do trabalho de uma orquestra, que é um trabalho sonoro. Para isso, precisamos ter uma condição acústica e um ambiente adequado, desimpedido de interferências. Isso tudo interfere na qualidade do trabalho e na audição pelo público. Realmente, foi um período de muito desafio para manter o trabalho em alto nível”.
Instalações
Dentro da Sala Martins Pena, a OSTNCS terá uma sala de apoio climatizada e com banheiros. Uma das funcionalidades do espaço será guardar os instrumentos do grupo. Também foi reservada uma área para a orquestra no foyer, em um ambiente feito para ser usado para apresentações de um trio de cordas.
“A orquestra é o coração do Teatro Nacional. Ela precisa ser tratada com carinho. É um equipamento muito grande e que merece ter, dentro das suas instalações, um espaço adequado para o funcionamento de uma orquestra do tamanho da nossa. São espaços pensados especialmente para eles. A orquestra é um segmento relevante da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. São muitos servidores, e eles precisam estar aqui onde é de direito”, defende o secretário de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), Felipe Ramón.
Desde a interdição, a OSTNCS iniciou uma itinerância por equipamentos públicos da cidade. Em uma década sem lar, o grupo passou pelo Teatro Pedro Calmon, Centro de Convenções Ulysses Guimarães, Santuário Dom Bosco, Teatro dos Bancários, Cine Brasília e Museu Nacional da República até chegar ao Teatro Plínio Marcos, no Eixo Ibero-Americano, onde está desde 2022.
Reforma do Teatro Nacional
As obras de restauração do Teatro Nacional Claudio Santoro tiveram início em dezembro de 2022. O GDF, por meio da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e da Secec-DF, investe R$ 70 milhões na primeira etapa das intervenções, que se concentra na construção do sistema de combate a incêndio, da implementação de acessibilidade e restauro do foyer e da Sala Martins Pena.
O GDF já anunciou que serão investidos R$ 320 milhões na próxima fase da obra. Os projetos das demais etapas incluem a Sala Villa-Lobos, o Espaço Dercy Gonçalves, a Sala Alberto Nepomuceno e o anexo.
Com Ag. Brasília. Foto em destaque da matéria: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília.
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