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Assessores de presidente dos Correios foram alvos de investigações na Lava Jato por desvios em estatais

Júlio Vicente Lopes e Maurício Marcellini, assessores do presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, têm um histórico de envolvimento com fundos de pensão de estatais durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT). Nomeado presidente dos Correios em fevereiro de 2023 pelo presidente Lula, Fabiano conta com a assessoria de Lopes e Marcellini em sua gestão.

Ambos foram investigados pelo Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Greenfield, desdobramento da Operação Lava Jato, que apurou desvios de recursos em empresas públicas.

Júlio Lopes, que está lotado na presidência dos Correios em Brasília, responde atualmente a pelo menos duas apurações administrativas. Sua atuação na estatal tem sido marcada por essas investigações internas.

Por sua vez, Maurício Marcellini, assessor especial do presidente Fabiano, enfrenta um cenário ainda mais complicado. Ele é alvo de seis ações movidas pelo Ministério Público Federal (MPF), que o acusam de gestão fraudulenta e improbidade administrativa. As acusações estão relacionadas à sua gestão em cargos anteriores, envolvendo práticas questionáveis na administração de recursos públicos e no gerenciamento de contratos de estatais.

Tanto Júlio quanto Maurício são clientes da ex-mulher de Fabiano.

A ligação com o escândalo da Lava Jato adiciona um contexto de maior atenção e suspeitas sobre a atual gestão dos Correios. Embora os Correios afirmaram ao jornal O Estado de São Paulo que os assessores não foram formalmente responsabilizados por crimes no decorrer das investigações, e não há condenações com trânsito em julgado.

Os Correios afirmam que nem Júlio Lopes nem Maurício Marcellini atuam diretamente na área de previdência complementar da estatal. No entanto, de acordo com registros obtidos pelo Estadão, Lopes tem desempenhado um papel consultivo junto à direção dos Correios no que se refere aos fundos de pensão da companhia.

Lopes, em especial, tem aconselhado a gestão da estatal sobre questões relacionadas à administração dos fundos, um tema de grande relevância devido ao impacto financeiro nas contas da empresa.

Recentemente, Lopes apresentou detalhes de um plano voltado à cobertura do déficit financeiro do Postalis, o fundo de pensão dos empregados dos Correios. A proposta inclui um comprometimento dos Correios em aportar R$ 7,6 bilhões para sanar as pendências financeiras do fundo.

A participação de Lopes nesses assuntos coloca os assessores da presidência dos Correios novamente sob os holofotes, em meio a questionamentos sobre a governança e a gestão de fundos públicos na estatal.

“Os assessores têm passado conturbado em gestão de fundos de estatais e envolvimento com investimentos controversos”

Júlio Lopes e Maurício Marcellini, têm um histórico de atuação em fundos de previdência durante os governos de Lula e Dilma Rousseff. Lopes trabalhou no Postalis, o fundo de pensão dos empregados dos Correios, enquanto Marcellini atuou no Fundo de Previdência da Caixa Econômica Federal (Funcef). Ambos fizeram parte da gestão de fundos de pensão em um período marcado por investimentos de alto risco que resultaram em grandes prejuízos financeiros.

No caso do Postalis, as aplicações realizadas entre 2011 e 2016 resultaram em uma perda total de R$ 4,7 bilhões, um valor que, corrigido pela inflação e pela meta atuarial da instituição, equivale a R$ 9,1 bilhões.

Parte desse déficit ocorreu enquanto Júlio Lopes ocupava o cargo de membro do Conselho Deliberativo do fundo, posição que ocupou até 2013. A má gestão e os prejuízos financeiros geraram um cenário de instabilidade no fundo de pensão, que ainda hoje enfrenta dificuldades para cobrir o rombo.

Maurício Marcellini, o assessor especial, tem um histórico de atuação em investimentos de alto risco em sua trajetória em fundos de previdência. Durante sua gestão no Fundo de Previdência da Caixa Econômica Federal (Funcef), participou da aprovação de um aporte de R$ 350 milhões no Fundo de Investimento em Participações (FIP), destinado a ações da Sete Brasil, uma empresa criada no governo petista com o objetivo de fabricar unidades de perfuração para a exploração do pré-sal.

A Sete Brasil, no entanto, não conseguiu alcançar os resultados esperados e enfrentou uma série de dificuldades financeiras, resultando em investimentos que não geraram o retorno prometido. O envolvimento de Marcellini nesse projeto coloca sua gestão sob questionamento, considerando o desempenho negativo da empresa e os impactos no fundo de pensão.

Além disso, Marcellini foi alvo de uma prisão preventiva em 2016, durante sua atuação no Funcef, como parte de uma investigação conduzida pela Polícia Federal. A prisão esteve relacionada à operação Lava Jato, que apurava desvios em contratos de estatais, e reforça o vínculo de Marcellini com questões envolvendo corrupção e má gestão de recursos públicos.

Esses antecedentes colocam os assessores dos Correios sob maior observação, especialmente considerando que Lopes continua a influenciar decisões relevantes na estatal, particularmente no que diz respeito à gestão dos fundos de pensão da empresa; e Marcellini, uma vez que ocupa posição de destaque na administração da empresa.

Presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos na foto em destaque da matéria. (Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil).

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